E, como sempre, quando o jogo de luzes bate de certo modo nas massas encorpadas de cor, são os pigmentos cromáticos que se tornam os portadores de um efeito incandescente. Nasser não está sozinha nesta técnica artística antiga. Já há décadas, por exemplo, que seus colegas de pintura em Milão, Helmut Schober e Helmut Dirnaichner, se engajam na criação de pigmentos de cor a partir de pedras comuns e semipreciosas trituradas. Este engajamento torna evidente de uma maneira impressionante (aqui precisamente algo comparável ao trabalho de Taisa Nasser), que o material da cor em si é um corpo plástico que representa chave essencial para a mensagem do artista.
O espectador das obras de Taisa Nasser experimenta a transformação da matéria em luz – uma metamorfose verdadeira entre o espírito e a materialidade que toma forma no ato da criação, como os alquimistas a buscaram estabelecer durante a Idade Média.
Com um radicalismo e uma firmeza sem precedentes, a artista se mantém em sua visão e seu “programa”, que é capturar o cosmos por meio de feixes focalizáveis de tinta-cor. Com isso, ela abre a pintura para novas possibilidades conceituais, perceptivas e estéticas – fazendo surgir uma arte-ciência alegre e afirmativa em torno das próprias cores, que em suas obras se desdobram de uma forma altamente equilibrada e variada, revelando uma inovadora teoria e prática cromática. Isto, por sua vez, está de acordo com a linha dos artistas da Bauhaus das décadas de 1920 e 1930 em Weimar, Dessau e Berlim; pois as invenções cromógenas de Johannes Itten, Wassily Kandinsky e Paul Klee não pararam de agir até hoje, integrando por exemplo os experimentos de cor realizados por Jerry Zeniuk, cuja “Munich School” está agora sendo descoberta e honrada na China.
Uma referência à obra de qualidade estética e evocação tátil de Taisa Nasser , é sua importância programadamente interventora. Ela mostra que, desde que brotem de uma visão independente da natureza e do homem,qualquer excessividade e excentricidade na arte são uma arma na luta pela sobrevivência contra o desaparecimento do espaço real, da biodiversidade e da natureza das pessoas com seu potencial criativo.Diante da inflação dos espaços virtuais e da imitação artificial da natureza e da humanidade , ainda que apenas imaginária, a posição de Taisa Nasser é uma crítica artística e cultural.
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Elmar Zorn, Munique |
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Taisa Nasser, Elmar Zorn |